É pedir muito?

Hoje o mínimo parece ser algo custoso. De fato, ser presente custa tempo, esforço, dedicação. Hoje os olhos estão mais focados na tela enquanto a pessoa sentada à sua frente espera pela chance de falar porque na realidade só há tempo de ouvir, falta espaço.

Não se trata do valor financeiro, mas, do valor das pequenas coisas. Hoje valorizo mais a atenção, o toque respeitoso e a reciprocidade e por isso escolho a solitude até que esse encontro genuinamente aconteça.

É cansativo se esforçar para caber na vida do outro. Deixar-se de lado na tentativa de fazer alguém feliz esgota as energias. A gente se encolhe uma, duas vezes na terceira só sobra o corpo e parece que a alma se esvai.

Já projetei tanto príncipe encantado na minha fantasia romântica que não percebi a realidade. Quem quer ficar fica, quem quer verdadeiramente faz acontecer não importa a distância, o dinheiro, as condições. Se as adversidades falam mais alto então é preciso ajustar as expectativas.

Antigamente a minha projeção era: Até os 30 estarei realizada profissionalmente, casada e com filhos, dois de preferência. Já tinha todos os detalhes na cabeça. Emocionada? Jamais! Mas, essa era a minha ideia de felicidade.

Realidade: Terapia em dia, às vezes saudável, às vezes encalacrada no doce, odiando comédias românticas e ao mesmo tempo assistindo dorama para a vida ficar mais leve e assim segue o barco, nas ondulações e inconstâncias buscando aquilo que realmente me preenche.

Hoje encontro a felicidade na vitamina D, no silêncio, naquele pedaço de bolo quentinho com café, nas vezes em que consigo ir à academia, nos momentos de oração, na natureza e no abraço de quem eu amo.

Já não quero mais exigir o mínimo e nem ter que explicar o verbo “to be” para quem já repetiu a lição diversas vezes, mas, ainda está na mesma página.